segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

...aprofundamento na '' desarquitetura musical''...


Texto extraído do blog de Luiz Claudio Brandi: http://www.arquiteturamais.blogger.com.br/2004_06_01_archive.html



" Eu idealizo este espaço como uma suíte musical, a ser descoberta através de um passeio no tempo. É no movimento, nas sequências, e nas surpresas, que a arquitetura é análoga a música." Christian de Portzamparc, sobre Cidade da Música, de Paris.


A música da mesma forma que a arquitetura, é fruto de um processo criativo, que pode ser simples ou complexo. Uma suíte musical, que é definida pelo dicionário Aurélio, como: "qualquer conjunto de peças musicais cuja ligação se explica pelo contrastes de andamentos"; é uma obra complexa, monumental, intrínsicamente pessoal, que possui uma riqueza de sons, e, consequentemente, traz em si emoções que não são definidas por palavras. As interações (envolvimentos) com a "obra" produzem sentimentos que são extremamente pessoais, difusos, que não tem a sua origem em (pré)estabelecimentos humanos, mas sim, tornam-se um "rasgo" naquilo em que nos abrigamos, é uma viagem pela extravagância divina (anti-caos), onde existe uma lógica que não é a nossa, que não entendemos, mas que contribui para um bem-estar pessoal.


"Para se viver melhor. Em todos os sentidos. A cada momento, dos mais triviais aos mais raros. A arquitetura, a construção, a paisagem, o visível podem nos tirar da lama, permite que nos reconheçamos, nos situa, fala conosco. Até nos causar uma leve euforia, um prazer. Até nos fazer pensar." Christian de Portzamparc.


Arquitetura e música são definidas como arte e ciência (técnica) de compor, respectivamente, espaços e sons "harmoniosamente''. A "boa'' música pode ser comparada a "boa" arquitetura. Quando escutamos uma música que nos agrada, alguns sentimentos podem ser deflagrados. Sentimentos que se manifestam de muitas maneiras, e durante um dia podem ser os mais diversos. Sentimentos que expressam o estado emocional de uma pessoa, e tocam profundamente a sua alma. A arquitetura, como um objeto de arte, também, tem o poder de produzir sensações e reflexões no usuário. O objeto arquitetônico, o entorno, as mudanças de vistas, as cores, as texturas, as formas, os valores de cada elemento, a hierarquização dos espaços, e etc; produzem uma complexidade, que teletransporta o indivíduo para um mundo de descobertas a cada interação, e de interferências mútuas, tanto no comportamento do indivíduo, quanto na representação material e imaginária do objeto com relação ao seu contexto sócio-cultural e urbano. "Partindo do pressuposto de que, "a obra em criação é um sistema aberto, que troca informações com seu meio ambiente" (Salles,1999), a cultura por sua vez, pode ser entendida, como nos esclarece Morin (1991:17), " como uma organização recursiva onde o que é produzido e gerado, se torna produtor e gerador daquilo que o produz ou gera. Cultura e sociedade encontram-se em relação geradora mútua, e, nesta relação, as interações entre indivíduos, que são eles próprios portadores/transmissores de cultura, regeneram a sociedade, a qual regenera a cultura"." Edgar Morin


As novas sonoridades relacionam-se a complexidade arquitetônica em suas infinitas possibilidades compositivas, nuancias e surpresas, obtidas nos recursos tecnológicos e nas "forças consonantes" que intervêem na produção musical. A complexidade musical, também, é resultado de novos paradigmas harmônicos, rítmicos e melódicos que compõem um novo conceito musical, a desarquitetura musical . Esta metáfora musical é um elemento relevante, pois, como a arquitetura do século XXI, a música apresenta uma "pluralidade" de manifestações, devidas as transformações tecnológicas (informática e internet). Diante disto, analogamente, podemos criar um objeto arquitetônico musical contemporâneo de infinitos significados, paradigmas coexistentes, com formas de apreensão divergentes, e com elementos compositivos contraditórios. A arquitetura da complexidade, atribui valores aos seus elementos compositivos, e significados múltiplos aos espaços e formas, tornando o objeto surpreendente em suas combinações técnicas, formais, espaciais e conceituais, extrapolando paradigmas ou influências isoladas. Pois, as múltiplas influências e interferências constroem, deconstroem, e reconstroem o objeto permanentemente, possibilitando a avaliação de todo o caminho projetual, agregando novos modelos teóricos e investigando as inovações tecnológicas construtivas . Neste nível, fazemos um "rasgo" aonde nos abrigamos, para encontrar dentro da própria concepção do projeto, um novíssimo objeto fragmentado em (des)ordem harmônica espacial e formal; que seja interligado às pessoas do lugar, da cidade, e do mundo (interativo); que seja expressão do seu tempo (comunicacional); que seja tecnicamente viável e utilizável (pragmático), e seja um local de troca e diversidade humana (dialógico). A criação musical e a criação arquitetônica são análogas naquilo a que se destinam: proporcionar o bem-estar aos sentidos do homem; se possível: emocionar, trazer inspiração, abrigar lembranças (positivas ou não), conduzir ao equilíbrio, fazer descansar, envolver em um ambiente de conforto, conceber momentos de alegria, consolar na tristeza, e ser a própria qualidade de vida.



quarta-feira, 7 de novembro de 2007

universo arquitetural da música


A música sempre atraiu a atenção de todos. Cada estilo de música têm sua história, seu tempo, seus admiradores. O Blues, por exemplo surgiu retratando a melancolia, a tristeza e a falta de sorte dos negros escravos da cidade de Delta, Mississipi, EUA. Foi lá que o ritmo se consolidou, como uma forma de expressão musical dos escravos que trabalhavam nas plantações de algodão, e tinham como única diversão, a música, que entoava a dor e o lamento da dura vida que levavam.
O Rock and Roll, um dos estilos musicais mais populares, surgiu também no Sul dos EUA na década de 50, e se espalhou muito rapidamente pelo resto do mundo. É uma criteriosa mistura de três gêneros musicais bem distintos da música americana: blues, jazz e country.

Atualmente a lista de estilos musicais vem crescendo muito rapidamente. Algumas se concretizam e caem no gosto popular, outras são apenas temporárias, surgem e desaparecem com a mesma velocidade e facilidade. Mas ainda assim ela sempre esteve presente, em qualquer ambiente, em qualquer ocasião, de festas a manifestações religiosas até funerais.
A escolha do meu tema de TFG está ligada a todo esse mundo musical, que fascina e encanta a qualquer um, procurando explorar toda essa versatilidade dentro da arquitetura. Um projeto cultural, focando estreitar os laços entre o homem e o universo da música.

Toda cidade possui um ‘‘espaço musical’’, por mínimo e precário que seja. Mas poucas são as privilegiadas com uma ‘‘obra instrumental’’ como a Casa da Música de Rem Koolhas, ou a Sala São Paulo, a maior e mais moderna sala de concertos da América Latina.

Há uma grande tendência, em criar espaços que acomodem a música, bares e restaurantes que permitam música ao vivo, mas ela é posta quase que sempre em segundo plano. É sempre implantada num espaço que nasce de restos, sem a acústica necessária.

Em Uberaba, a praça que ficou popularmente conhecida como ‘‘Praça da Concha Acústica’’, recebeu em 1970, um palco, em forma de concha, feito justamente para abrigar apresentações musicais, procurando oferecer uma acústica melhor. Mas os cálculos acústicos, considerados inadequados, impossibilitam boas apresentações musicais. O TEU, – Teatro Experimental de Uberaba - instalado em um prédio de arquitetura do século XX, há três anos foi adaptado para apresentações culturais, mas o pequeno espaço oferece capacidade para apenas 140 pessoas. O Centro de Cultura José Maria Barra é o mais recente e ideal espaço feito para grandes espetáculos na cidade. Está equipado com o que existe de mais moderno, tanto em iluminação, quanto em sonorização. Além de ter capacidade para quase 600 pessoas, possui acesso á cadeirantes, camarins coletivos e individuais, foyer, boca de cena, espaço para exposições, sala multimeios, e um bar - café.

A idéia é criar um edifício charmoso, sofisticado e misterioso. Suficientemente atraente para tornar-se referência para um bate papo no fim da tarde, acompanhado de um café, ou talvez somente um local de lazer.
O espaço será voltado tanto para estudantes da música em geral, como também para admiradores, ostentando em seu interior um estúdio de gravação, um espaço para luteria/luthieria (onde os luthiers desenvolvem a fabricação de instrumentos musicais), um requintado café bar, uma área comercial para a venda de livros, discos, partituras e instrumentos musicais, e um generoso espaço para apresentações.
A exploração de todos estes ‘quesitos’ dentro de um só ambiente significará novas possibilidades de contatos com todos os tipos de música e culturas, por um público vasto e diferenciado.


''arquitetura é...

... música petrificada” ... ao jogar tal citação no ''São Google'', uma espécie de guru do século XXI, a revelação da autoria não conduz a um arquiteto ou músico, mas a uma das mais importantes figuras da literatura alemã, Johann Wolfgang von Goethe.

Deixando de lado a autoria, oque realmente interessa aqui é o verdadeiro significado de tal citação, e temos que convir, que a frase se encaixa perfeitamente na busca por uma arquitetura de emoções, sensações...
Uma arquitetura que não choca, que não 'causa'... não soa como música, não marca, não permanece na memória...

Não é a toa que ao ouvir certa música, nos lembremos de fatos há muito tempo vividos, ás vezes até cheiros sentidos naquele instante voltam a nosso olfato por alguns segundos... ou seja, a arquitetura precisa ser sensível á brutalidade emocional dos seres humanos... precisa ser capaz de fazê-los sentir a arquitetura exatamente como música, trazer á tona os sentimentos, as emoções...
... ''salve salve os verdadeiros arquitetos da música brasileira'' ... rs


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